Este livro busca apresentar o impacto dos eventos climáticos que assolaram o Rio Grande do Sul em maio de 2024, especificamente no setor de turismo do Estado. O Estado, um dos mais procurados por turistas, enfrenta uma tragédia sem precedentes, na qual mais de 90% de seus municípios foram afetados. De acordo com a Confederação Nacional do Comércio (CNC), o impacto das enchentes na economia gaúcha pode chegar a R$ 58 bilhões. Com isso, essa catástrofe pode responder a um impacto de 9,86% do Produto Interno Bruto (PIB) do Estado, o que, por sua vez, poderia corresponder a até 1% no PIB do país. No setor de turismo, especificamente, a CNC estima que o setor de turismo pode ter perdas de até R$ 6 bilhões até o final de 2024.
Para mensurar os aspectos qualitativos do impacto das enchentes sobre o setor de turismo, serão apresentados dados de pesquisas desenvolvidas no período de maio a julho de 2024. É importante destacar que as pesquisas foram desenvolvidas em parceria com a Universidade de Caxias do Sul e com a Forwardkeys.
Busca-se, com este livro, sintetizar os principais resultados referentes aos impactos – diretos e indiretos – para: (i) municípios; (ii) empresas; (iii) e a malha aérea do Rio Grande do Sul. Em síntese, os principais resultados das pesquisas são:
(i) Impactos nos municípios: Pesquisa desenvolvida com gestores municipais responsáveis pela Pasta do Turismo (Secretários e Diretores), entre os dias 15/05/2024 e 20/05/2024, que contou com participação de gestores de aproximadamente 46% municípios do Rio Grande do Sul, apontou que: 65,6% dos eventos turísticos foram afetados; 55,5% dos atrativos turísticos públicos foram danificados; 73,1% dos atrativos turísticos privados foram danificados; 53,8% dos municípios levarão mais de 2 meses para se recuperarem; 41,4% dos municípios tiveram hotéis danificados; 50,2% dos municípios tiveram a rede gastronômica afetada; 71,2% dos municípios tiveram danos em vias de circulação de visitantes.
(ii) Empresas: Pesquisa desenvolvida com empresas de turismo demonstra o impacto direto e indireto que elas tiveram com as enchentes. Quanto ao impacto direto, 23,9% das empresas alegaram que tiveram impactos em suas instalações físicas. No entanto, quanto ao impacto indireto, 71,1% das empresas tiveram acessos aos empreendimentos comprometidos. Ademais, 45,5% das empresas tiveram restrições nas suas equipes de trabalho; 88,8% tiveram cancelamento de reservas; e 37,2% não conseguem retomar suas atividades por conta própria.
(iii) Malha aérea: Foram realizados três mapeamentos em momentos diferentes (início de junho; início de julho e final de julho de 2024) com vistas a mensurar o impacto na capacidade de assentos em voos com destino ao Rio Grande do Sul. É possível afirmar que os aeroportos regionais do Rio Grande do Sul (RS) e de Santa Catarina (SC) conseguiram absorver 17% da capacidade de assentos do Salgado Filho no início de junho, destacando a rápida adaptação frente às adversidades recentes.